O greenwashing e a escova de dente de 72 reais
Comecei esse post sem saber o que ia escrever, só sabia que queria falar sobre isso, porque o tamanho do absurdo é tanto que não posso deixar passar e ainda bem que eu tenho foto pra provar, porque eu fiquei igual a este perrito:
Fiquei inconformada, reclamei no Twitter, mas segui a vida, apesar de toda vez que via uma escova de bambu, me lembrava dessa aberração e meu senso de justiça gritava.
Antes de chegar no ponto da história, preciso dizer que eu odeio o tipo de conteúdo que compara preço no Brasil x preço nos EUA/Europa, "comprei tudo isso e deu apenas U$60!", "o que consigo comprar com 10€ no mercado" e etc. Porque isso varia acordo com o custo de vida no local, o valor da hora de trabalho de cada país, também tem muita coisa que é mais barata no Brasil do que em outros lugares (como frutas, atendimento médico de graça pelo SUS, leite em pó...). Esses vídeos passam uma falsa esperança de que "fora" é tudo barato, é mil maravilhas e no Brasil tudo é caro e ruim. Quando na verdade, existem os dois lados da moeda.
Agora sim, mais de um ano depois, do outro lado do oceano, eu me deparo com o mesmo produto da foto acima, e pasmem:
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Preço em euro |
Não sei se você já é familiarizado com o termo greenwashing, que traduzido ao pé da letra significa "lavagem verde" e é utilizado quando uma empresa ou marca passa mais tempo vendendo uma imagem sustentável do que, de fato, tendo ações sustentáveis. Não quero apontar o dedo para todas as marcas que fazem isso e levantar um boicote. Não é esse o objetivo. Até porque todas as grandes empresas fazem isso, lançando linhas biodegradáveis, veganas, fazendo campanhas sobre sustentabilidade. Mas quando vamos ver, elas são as que mais poluem e desgastam o planeta. Inclusive, a nível de curiosidade, a Colgate-Palmolive é a 8ª marca que mais produz lixo plástico no mundo (confira a lista completa aqui). A questão é, ela superfaturou um produto em um mercado específico (Brasil) com a desculpa de ser sustentável e eu nem vou entrar no tópico de usarem cera de abelha no cabo.
Eu não sou a pessoa mais ecológica, apesar de ser um tema que me interessa, por enquanto só tenho algumas poucas atitudes como evitar embalagens, não usar absorvente descartável, não comer carne e evitar desperdício ao máximo; mas acho muito importante a conscientização, não dá pra ser ignorante quando o assunto é o planeta onde vivemos.
Tampouco acho que devemos cancelar a marca inteira por suas ações erradas, nesse caso isolado. Acho importante mostrarmos para a marca, enquanto consumidores, que aquele tipo de produto nos interessa e é rentável, ao mesmo tempo que cobramos melhoras em outros pontos. Aquela boa e velha estratégia do "elogiar para corrigir". Mas claro, se for pra escolher, a melhor escolha sempre será os pequenos produtores e negócios. Precisamos ser consumidores inteligentes, questionar se a necessidade é necessidade e observar a transparência das marcas, porque ao comprar uma marca, você também compra a ideia dela. Todo mundo sabe (espero) que as grandes empresas só seguem tendências e lucro, eles não se importam realmente com o impacto disso no mundo. A Seara não lançou uma linha vegetal porque se preocupa com os animais, mas porque viu que esse movimento estava crescendo e dá pra lucrar. Só por isso é suposto cancelar a Seara e não consumir esses produtos vegetais? Eu acredito que não. Quero que lucrem bastante com essa linha até chegar no nível onde é mais lucrativo produzir carne vegetal do que animal (insira aqui uma risada, porém com fundo de verdade).
Minha risada com fundo de verdade: a melhor coisa que vc fez é falar mal no Twitter hahaha terapêutico
ResponderExcluirhahaha nossa muito bom!
ExcluirKkkkkkkk 72 reais numa escova, é mole viu
ResponderExcluirdevia arredondar pra 80 logo, né?
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